Pai Márcio Paxá comenta sobre o preconceito contra as religiões afro-brasileiras

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O sacerdote Pai Márcio Paxá, nome amplamente respeitado quando o assunto é Umbanda, Quimbanda e Batuque, voltou a se manifestar sobre o preconceito religioso que ainda persiste, mesmo em pleno ano de 2025, contra as tradições de matriz africana.

Segundo ele, o desconhecimento e a falta de informação ainda alimentam atitudes discriminatórias e discursos de ódio.

“Muitos ignorantes preferem julgar sem saber. Chamam Exu de demônio, quando, na verdade, na religião africana não existe sequer o conceito de demônio”, afirma o sacerdote.

Pai Márcio explica que, nas tradições de origem africana, Exu é uma divindade, um Orixá mensageiro entre os deuses (Orixás) e Olodumaré, o criador supremo.

“Na África, Exu é reverenciado por sua força, sua sabedoria e por ser o guardião dos caminhos. Ele é o mensageiro, o que leva nossos pedidos e devolve respostas. Nada tem a ver com o mal, muito menos com figuras demoníacas criadas por outras religiões”, reforça.

O sacerdote ainda faz uma comparação com as tradições católicas, mostrando a disparidade de tratamento entre culturas.

“Os Orixás são como os santos: pessoas que viveram na Terra, deixaram exemplos marcantes e, após a morte, foram reconhecidas pelos milagres que realizaram. Assim como o Papa que se torna santo, ou o jovem italiano Carlo Acutis, recentemente canonizado como padroeiro da internet, por seus feitos e milagres reconhecidos pela Igreja Católica. Quando vem de lá, é santidade; quando vem da África, é demonização. Isso é puro preconceito”, lamenta.

Mas o sacerdote faz questão de ampliar o olhar sobre a ancestralidade brasileira, muitas vezes esquecida em meio ao destaque dado às raízes africanas e europeias.

“O povo brasileiro não é feito só da herança africana e europeia. Há uma ancestralidade profundamente brasileira, formada também pelos povos indígenas e pela fusão espiritual que nasceu neste chão. Nossos guias, nossos Exus e Pombagiras carregam essa energia da terra, do fogo, da mata e do mar brasileiros. É a espiritualidade viva do Brasil que muitos insistem em ignorar”, afirma.

Para Pai Márcio Paxá, o combate ao racismo religioso passa pela educação, pelo diálogo e pela valorização das raízes culturais afro brasileiras, que estão profundamente ligadas à formação do povo e da espiritualidade nacional.

Ele conclui com uma reflexão:

“Respeitar o que é diferente é o primeiro passo para entender a riqueza espiritual que existe em cada tradição. A fé não tem cor, não tem fronteira, e não deve ser usada como arma de exclusão, mas como ponte de entendimento e acolhimento. Honrar nossa ancestralidade é reconhecer que o Brasil também tem seus próprios fundamentos sagrados.”

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